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Autoridades públicas fazem ofensiva para aumentar vacinação no país

Autoridades públicas estão preocupadas com a queda na procura por imunização, o que poderá abrir caminho para a volta de doenças erradicadas. No sábado, postos em todo o país serão abertos para atender quem precisa das doses de rotina ou atualizar a caderneta

14/09/2017

Menos de 15 segundos após entrar na sala de vacinação, o paciente já está imunizado. Apesar de ser um processo rápido, muita gente deixou de atualizar a caderneta de vacinação. Pelo menos 53% das crianças e adolescentes de até 15 anos estão com alguma dose atrasada, segundo estimativa do Ministério da Saúde. O índice preocupa autoridades públicas por haver risco de doenças controladas voltarem a fazer vítimas, como a poliomielite, erradicada desde 1989 — o último caso aconteceu na Paraíba.

Os números preocupam. Para ter dimensão da defasagem, mais de 3,8 milhões de bebês de até 1 ano estão sem proteção, por exemplo, contra hepatite B, pneumonia, rotavírus, meningite C e poliomielite. Cerca de 4,2 milhões de crianças com 1 ano têm doses atrasadas contra sarampo, rubéola e caxumba, entre outros males. A situação mais crítica, contudo, é dos adolescentes: 9,6 milhões não se vacinaram contra meningite, hepatite B, HPV e febre amarela.

Para atenuar a defasagem, o Ministério da Saúde lançou ontem uma ofensiva para atualizar as cadernetas de vacinação em todo o país, como o Correio antecipou na edição de domingo. Embora os postos de saúde estejam aplicando as doses desde segunda-feira, a intenção do governo federal é mobilizar as pessoas a comparecerem às unidades de saúde no próximo sábado, quando ocorre o Dia D, data em que as ações serão intensificadas. O objetivo é imunizar 47 milhões de crianças e adolescentes — entre atualização de caderneta e vacinação de rotina.

O discurso do ministro da Saúde, Ricardo Barros, veio em tom de apelo. “Temos de conscientizar ainda mais os pais para a importância da vacinação. A campanha que lançamos reforça que todos os dias são dias de vacina. Só assim é que a população brasileira estará protegida contra uma série de doenças preveníveis”, destacou.

Notícias falsas

Existe uma parcela de pais que é contra a imunização. E circulam boatos na internet sobre a segurança e a eficácia das vacinas. A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, frisou que esses fatores atrapalham a manutenção das coberturas vacinais. “Os conteúdos errados, sem dúvida nenhuma, influenciam de forma negativa na decisão das pessoas. Diferentemente daqueles que não são adeptos da imunização, as fake news (notícias falsas) prejudicam as pessoas que não são contra, mas que ficam com medo.”

Isabella explicou que a polêmica envolvendo vacinas tem origem na eficácia da proteção. “A vacina é alvo do seu próprio sucesso. Como as pessoas não veem a doença, têm uma falsa impressão de segurança e deixam de se imunizar. Mas uma coisa é certa: se baixarmos a cobertura vacinal, doenças como sarampo e poliomielite voltam a afetar as pessoas”, alertou.

O Brasil mantém boas coberturas vacinais, mas ainda há uma diferença regional, o que é perigoso. “Ao desagregarmos os dados, vemos bolsões, locais com baixas coberturas. Se, ao longo dos anos, isso persistir, corremos o risco de ver de volta doenças que já não existem”, emendou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues.

A capital federal conta com 106 salas de vacina, que funcionam entre as 8h e as 17h, sem intervalo. Vão participar da campanha 1.719 profissionais — enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem. No Brasil, são 36 mil postos e 350 mil servidores da saúde empenhados na campanha, que se estenderá até 22 de setembro. Foram enviadas aos estados 14,8 milhões de doses. O ministério planeja instituir um dia nacional de vacinação nas escolas.

Investimento

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) distribui cerca de 300 milhões de imunobiológicos anualmente, entre vacinas e soros, para combater mais de 20 doenças nas diversas faixas etárias. As metas mais recentes do PNI contemplam a eliminação do sarampo e do tétano neonatal, além do controle de outras enfermidades imunopreveníveis, como difteria, coqueluche, tétano acidental, hepatite B, meningites e formas graves de tuberculose e rubéola, assim como a manutenção da erradicação da poliomielite. Nos últimos cinco anos, o orçamento do PNI passou de R$ 1,2 bilhão, em 2010, para R$ 4,3 bilhões, em 2017.

Fonte: www.correiobraziliense.com.br

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