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Cientistas descobrem quatro fatores relacionados à Covid longa

Estudo norte-americano sugere que exames clínicos são capazes de diagnosticar maior chance de sequelas persistentes da doença

Entre os milhões de indivíduos que curados da Covid-19 há um grupo que rapidamente se recupera e volta a condição normal de saúde. Porém, muitos outros passam por um período maior de recuperação, com sequelas mais longas.

Algumas estimativas sugerem mais de 40% dos infectados sofrem efeitos crônicos conhecidos como sequelas pós-agudas de Covid-19 (PASC). A questão é por que o SARS-CoV-2 e suas variantes reagem diferente em cada pessoa?

Pesquisadores do ISB Science Transforming Health, organização de pesquisas biomédicas sem fins lucrativos, localizada em Seattle, no Estados Unidos, descobriram os seguintes fatores que sugerem mais chances de ter a Covid longa:

– Paciente com carga viral alta no começo da infecção;

– Pessoas com doenças autoimunes, que têm muito autoanticorpos e, com isso, diminuem a produção de proteção contra o SARS-CoV-2;

– Indivíduos com diabetes tipo 2;

– A reativação do vírus EBV (Epstein-Barr), conhecido como “vírus do beijo” e que infecta a maioria das pessoas na juventude e depois tende a ficar inativo, durante a Covid-19

Os quatros fatores são possíveis de serem diagnosticados no começo da infecção, o que pode facilitar o tratamento e prevenção das sequelas.

É importante ressaltar, que os especialistas descobriram que a Covid longa acontece independentemente de o paciente ter desenvolvido a forma grave ou leve da doença.

“A Covid longa está causando morbidade significativa nos sobreviventes, mas a patologia é pouco compreendida. Nosso estudo combina dados clínicos e resultados relatados pelos pacientes com análises desvendar associações biológicas que ocorrem em pacientes com PASC. Certos achados têm potencial para se traduzir rapidamente na clínica e formam uma base importante para o desenvolvimento de terapias para tratar o problema”, explicou infectologista Jason Goldman, coautor do artigo que foi publicado nesta semana na revista científica Cell.

“Esta pesquisa enfatiza a importância de fazer medições no início da doença para descobrir como tratar os pacientes. Uma vez que você pode medir algo, então você pode começar a fazer algo sobre isso”, disse Jim Heath, o investigador principal do estudo e presidente do IBS, ao jornal The New York Times.

O estudo acompanhou 209 pacientes de clínicas médicas de Seattle, com idades entre 18 e 89 anos, infectados de 2020 até o começo de 2021. Todos tiveram amostras de sangue e swab nasal coletadas em diferentes momentos da infecção, para realizar uma fenotipagem abrangente que foi integrada a dados clínicos e sintomas relatados pelo paciente para realizar uma investigação profunda.

“Fizemos essa análise porque sabemos que os pacientes vão aos médicos e eles dizem que estão cansados o tempo todo ou o que quer que seja, e o médico apenas diz para eles dormirem mais. Isso não é muito útil. Então, queríamos realmente ter uma maneira de quantificar e dizer que há realmente algo errado com esses pacientes”, acrescentou Heath ao jornal norte-americano.

Os voluntários eram pacientes com cerca de 20 sintomas associados ao Covid longo, incluindo fadiga, confusão mental e falta de ar. 37% dos pacientes relataram três ou mais sintomas da PASC dois ou três meses após a infecção. Outros 24% contaram um ou dois sintomas e 39% não relataram sintomas.

Dos pacientes que relataram três ou mais sintomas, 95% tinham um ou mais dos quatro fatores biológicos identificados no estudo quando foram diagnosticados com Covid-19.

As descobertas ainda estão em pesquisas pequenas, mas podem sugerir maneiras de prevenir ou tratar alguns casos de Covid longo, incluindo a possibilidade de administrar medicamentos antivirais às pessoas logo após o diagnóstico da infecção.

Fonte: www.noticias.r7.com / Postado em 27/01/2022 – 02H00

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