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Dois meses após o primeiro caso de varíola do macaco no Brasil, planos de saúde ainda não cobrem exame

Agência Nacional de Saúde Suplementar justifica que oferta do teste na rede particular 'ainda é incipiente'

Faz dois meses que a varíola do macaco (monkeypox) chegou ao Brasil, e praticamente todos os exames que confirmaram os mais de 2.300 casos foram feitos em apenas quatro laboratórios do SUS. Até hoje, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) não incluiu esse teste no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, o que o mantém fora da cobertura dos planos de saúde.

Questionada pelo R7, a agência justifica que “o oferecimento do referido teste diagnóstico na rede privada de saúde ainda é incipiente” e que muitos dos kits ainda precisam ser aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Alguns laboratórios privados já oferecem o exame para detecção do vírus monkeypox, mediante solicitação médica, mas o procedimento chega a custar entre R$ 500 e R$ 650 (a depender do prazo de entrega do resultado).

Um grande número de beneficiários de planos de saúde poderia realizar o exame na rede privada, mas não há interesse do setor em assumir mais essa despesa, na avaliação do advogado José Luiz de Oliveira Jr., sócio do escritório O&S Advogados.

“O SUS precisa ser defendido, mas ele realmente está abarrotado e está realizando um serviço que poderia ser equalizado com as empresas [de planos de saúde]”.

Ele entende que a demora da ANS em incluir o exame no rol de procedimentos beneficia somente as operadoras de planos de saúde e diz que seria importante que a agência reguladora estivesse alinhada com as necessidades dos consumidores.

A lentidão da ANS vai na contramão da proposta defendida no fim de semana pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de ampliar a rede de testagem.

Até a semana passada, apenas oito laboratórios públicos processavam todos os exames de monkeypox do país: Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais/Fundação Ezequiel Dias, Laboratório Central de Saúde Pública de São Paulo/Instituto Adolfo Lutz, Laboratório de Biologia Molecular de Vírus do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Laboratório de Enterovírus da Fiocruz/RJ, Instituto Evandro Chagas/PA, Fiocruz/AM, Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) do DF e Laboratório Central do RS.

Oliveira Jr. acrescenta que “não é razoável” o Brasil ser o sexto país do mundo em número de casos de varíola do macaco e não ter até agora uma rede estruturada que inclua SUS e serviços privados para enfrentar a ameaça.

“Deveríamos ter aprendido com o plano de contingência da própria Covid. […] Temos a possibilidade de erradicar isso o quanto antes, mas não é feito por questões que são até de interesse político e econômico. Esses interesses deixam a população exposta”, afirma.

O exame

O teste para detecção do vírus monkeypox é feito a partir da coleta, com um swab (cotonete estéril) , de material das lesões de pele ou de mucosa.

Em um Plano de Contingência, o Ministério da Saúde prevê o teste em indivíduos sem essas erupções, desde que sejam “contato de caso confirmado que inicie com quadro de febre e linfonodomegalia [inchaço de linfonodos]”.

Nestes casos, a coleta se dará também por swab da orofaringe e da região anal.

Essas amostras são enviadas ao laboratórios e processadas em um exame de RT-PCR, mesma tecnologia dos testes de Covid-19 e que buscam material genético do vírus.

Recomendações

Para as pessoas que tenham diagnóstico confirmado ou suspeita de infecção pelo vírus monkeypox, as recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA incluem:

• Isolar-se em casa desde o início dos sintomas, especialmente após o surgimento de lesões na pele.
• Evitar contato próximo ou físico com pessoas e animais.
• Cobrir as lesões e utilizar máscara bem ajustada ao rosto sempre que precisar se deslocar a um serviço médico.
• Não compartilhar itens como talheres, roupas de cama e toalhas.
• Evitar contato íntimo, incluindo sexual, com outras pessoas.
• Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, especialmente após tocar nas erupções cutâneas.

O período de isolamento só pode ser suspenso quando todas as lesões tiverem secado e uma nova camada de pele nascido nas áreas afetadas. Em casos que transcorrem normalmente, esse período pode variar entre 15 e 28 dias.

Fonte: www.noticias.r7.com / Postado em 10/08/2022 – 02H00

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