Além do fogo que pode queimar cabos elétricos das redes de transmissões, a fumaça e a fuligem de incêndios em vegetações provocam quedas de energia em Goiás. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), essas causas para interrupções do fornecimento de energia ficam atrás apenas das condições meteorológicas adversas no país.
O gerente do Centro de Operações Integradas (COI) da Equatorial Goiás, Vinicyus Lima, explica que a fuligem provocada pelas queimadas de vegetação se acumula e pode afetar equipamentos, como o isolador, que fica localizado no poste para a passagem de cabos.
“Dependendo da quantidade de fuligem presente na fumaça, essa substância pode deteriorar o isolador, levando a possíveis desligamentos e, em casos extremos, até mesmo ao rompimento dos cabos”, pontuou Lima.
Mas a fumaça e o calor dos incêndios podem danificar outros importantes equipamentos instalados na rede de transmissão. “As chamas podem atingir as cruzetas, que são responsáveis por apoiar e organizar os cabos elétricos e, com isso, interromper imediatamente o fornecimento de energia”, cita o gerente.
Ele esclarece que basta haver fumaça para que cause danos ao sistema elétrico. É que a fumaça pode transportar fuligem que em contato com a rede elétrica reduz o tempo útil dos equipamentos.
Ranking de municípios
A Equatorial listou onde ocorrem os maiores casos de interrupções por queimadas. Os municípios no ranking são Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Quirinópolis. Mas, até o momento, no total, a distribuidora mapeou mais de 70 municípios com casos registrados.
Neste ano, de janeiro a agosto, a concessionária registrou cerca de 150 focos de queimada que causaram danos à rede de energia. Para efeito de comparação, no ano passado foram contabilizados 71, ou seja, aumento de quase 90%.
Lima alerta que as pessoas tenham cuidado com o manejo do fogo. “Nossa orientação à população é para não originar incêndios em qualquer tipo de material, por menor que seja o volume, próximo à rede elétrica, pois o fogo pode, além de provocar o desligamento das cargas, danificar os equipamentos e provocar danos estruturais, o que pode resultar em graves acidentes”, aponta.
Em todo o país, o ONS mostra crescimento nos casos de queimadas. No ano passado, foi registrado o maior número de desligamentos desde o início da série histórica, no ano de 2012. Em 2021, durante a crise hídrica, as queimadas tiveram o maior número de ocorrências. A preocupação das autoridades é que este índice se repita neste ano.
A Equatorial informou que atua neste período de seca e reforça o monitoramento da rede de distribuição em tempo real em todo o estado. “Quando uma queimada atinge cabos, o COI é acionado e imediatamente equipes iniciam manobras telecomandadas para reduzir a afetação. Elas são uma alternativa da concessionária para reduzir o tempo de espera do cliente para o retorno do fornecimento”, destacou em nota.
A empresa acrescenta que esse mecanismo permite restabelecer o serviço de fornecimento de energia em minutos “em uma ocorrência que poderia durar horas, dependendo da situação”. A Equatorial explica que essa manobra é feita por técnicos que operam à distância os equipamentos, ao identificar trechos com defeito e restabelecer o serviço. “Enquanto isso, técnicos são enviados ao local do incêndio para iniciar o serviço de reconstrução do trecho danificado”, finaliza.
Fonte: G1 Goiás / Postado em 06/09/2024 06h01