A Dipirona, também conhecida pelo nome comercial Novalgina no Brasil, é um medicamento utilizado para aliviar febre e dor. No entanto, sua popularidade e disponibilidade variam em diferentes países do mundo. Enquanto no Brasil a Dipirona é um dos remédios mais vendidos, em alguns países, como os Estados Unidos e parte da União Europeia, é totalmente proibida.
O motivo por trás dessa proibição está relacionado a preocupações sobre um possível efeito colateral grave, conhecido como agranulocitose, que pode ser potencialmente fatal.
A Dipirona foi desenvolvida em 1920 na Alemanha e rapidamente se tornou disponível em farmácias, inclusive no Brasil. Ela é comercializada sob diferentes nomes de marca, como Novalgina, Dorflex e Neosaldina. A forma como a Dipirona funciona para aliviar febre e dor ainda é cercada de mistérios, mas a hipótese principal é que ela atue inibindo uma molécula inflamatória conhecida como COX, ajudando a reduzir a inflamação associada à febre e à dor.
Proibição do medicamento
A proibição da Dipirona em diversos países começou a surgir nas décadas de 1960 e 1970, quando estudos levantaram preocupações sobre o risco de agranulocitose. Um estudo de 1964 relacionou essa grave alteração sanguínea à aminopirina, uma substância quimicamente semelhante à Dipirona.
Embora as evidências não tenham feito uma distinção clara entre as duas moléculas, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos decidiu retirar a Dipirona do mercado americano em 1977. Outros países, como Austrália, Japão, Reino Unido e partes da União Europeia, seguiram o mesmo caminho.
Essa proibição afetou a pesquisa sobre a Dipirona, levando a uma falta de informações atualizadas sobre sua segurança e eficácia. No entanto, estudos posteriores, como o Estudo Boston, mostraram que a incidência de agranulocitose associada à Dipirona é relativamente baixa. Fatores como mutações genéticas, dosagens elevadas e uso prolongado podem influenciar o risco dessa condição.
Estudos no Brasil
No Brasil, a Dipirona foi objeto de estudo no chamado Latin Study, que envolveu cientistas de Brasil, Argentina e México. Esse estudo identificou uma taxa relativamente baixa de agranulocitose associada à Dipirona, com uma maior ocorrência em mulheres, crianças e idosos. Além disso, em 2001, a Anvisa realizou um Painel Internacional de Avaliação de Segurança da Dipirona, no qual especialistas concluíram que a eficácia da Dipirona como analgésico e antitérmico é inquestionável e que os riscos associados ao seu uso no Brasil são baixos.
Além das questões de segurança, a eficácia da Dipirona foi examinada em vários estudos. A evidência sugere que a Dipirona pode aliviar a dor moderada a severa após cirurgias e cólicas renais. Sua eficácia na dor em geral é observada em cerca de 50% dos casos, embora outras opções farmacêuticas também sejam consideradas.
É importante destacar que o uso da Dipirona deve ser feito com cuidado e respeitando as instruções do rótulo e da bula. Ela não é recomendada para crianças com menos de 3 meses ou com menos de 5 quilos, e deve ser usada com supervisão médica em menores de 15 anos. O uso excessivo da Dipirona pode resultar em efeitos colaterais graves, como disfunção renal e hepática, convulsões e queda de pressão arterial.
Fonte: www.folhafinanceira.com.br / Postado em 10 out, 2023