23/07/2018
Uma nova droga – chamada tafenoquine – para tratar malária recebeu autorização das autoridades reguladoras dos Estados Unidos para ser comercializada.
O medicamente é para um tipo de malária causada pelo parasita Plasmodium vivax, que contamina 8,5 milhões de pessoas por ano.
Esse tipo da doença é particularmente difícil de tratar porque o parasita pode permanecer “adormecida” no fígado por anos antes de se manifestar repetidas vezes.
Cientistas descreveram a tafenoquine como uma “conquista fenomenal” no combate à malária.
Agências reguladoras de outros países agora analisarão a nova droga para verificar se recomendam o uso em seus territórios.
Doença que vai e vem
A malária causada pelo parasita Plasmodium vivax é a forma da doença na América Latina e no sul da Ásia. O parasita entra no corpo humano por meio da picada de mosquitos.
As crianças são as que mais sofrem com as crises recorrentes desse tipo de malária. E pessoas infectadas acabam se tornando “reservatórios” da doença. Mosquitos podem picar quem está com parasitas ativos no corpo e passar malária a outras pessoas – o que dificulta a eliminação da doença pelo mundo.
Uma única dose de tafenoquine elimina os parasitas do fígado e evita que a doença volte a se manifestar.
O remédio que existe atualmente – o primaquine- precisa ser tomado por 14 dias. O que acontece é que muitas pessoas param de tomar os comprimidos quando começam a ser sentir bem. Algumas parasitas podem sobrar e voltar a se manifestar no futuro.
Cuidados necessários
A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos EUA, considerou a droga eficaz e aprovou seu uso nos Estados Unidos. Mas destacou que ela produz efeitos colaterais relevantes.
Por exemplo, pessoas com um problema de enzima, chamado “deficiência G6PD”, não podem tomar essa droga, porque podem desenvolver anemia grave.
A agência reguladora recomenda que os pacientes sejam testados para esse tipo de deficiência antes de tomar a tafenoquine. Mas esse processo pode dificultar o atendimento em áreas mais pobres, onde a malária é mais comum.
Também existe a preocupação de que doses altas do novo remédio possam causar problemas em quem tem problemas psiquiátricos.
Apesar disso, a expectativa é de que a nova droga, aliada a medidas de controle da população de mosquito, reduza os casos de malária no mundo.
“A habilidade de se livrar do parasita no fígado com uma dose única de tafenoquine é uma conquista fenomenal e, na minha visão, representa um dos maiores avanços no tratamento da malária dos últimos 60 anos”, disse à BBC News o professor Ric Prica, da Universidade de Oxford.
Hal Barron, presidente do departamento de pesquisa e desenvolvimento da GSK, empresa que faz a droga, disse que o medicamento é um divisor de águas para quem vive com esse tipo recorrente de malária.
“Juntamente com nosso parceiro, Medicines for Malaria Venture (instituição voltada à pesquisa sobre malária), acreditamos que o Krintafel (nome comercial da tafenoquine) irá contribuir para os esforços de erradicação da malária.”
A tafenoquine existe desde 1970, mas a Medicines for Malaria e a GSK fizeram pesquisas para fazer com que a droga atuasse especificamente na eliminação de parasitas no fígado.
O próximo passo é que agentes reguladores de países com altas taxas de malária analisem o medicamento, para começar a utilizá-lo no tratamento da doença.
Fonte: G1