08/08/2018
Aprender sentado em uma carteira, na sala de aula, ouvindo o professor falar e demonstrar os conhecimentos não é mais realidade em muitas faculdades de medicina. Cada vez mais as instituições estão aderindo aos métodos ativos de ensino, entre eles o Problem Based Learning (PBL) e o Team-Based Learning (TBL).
Cada método tem suas particularidades, mas, em comum, há o fato de ambos basearem a aprendizagem na resolução de problemas, de transformarem o professor em um tutor, e de priorizarem o trabalho em equipe. Nestas aulas, o aluno é desafiado a buscar as respostas e desenvolver habilidades necessárias para o exercício da profissão.
Na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), a grade curricular de medicina é de 60% em PBL, segundo a coordenadora Denise Ballester.
“A vantagem desse método é que o aluno aprende a aprender, ele fica autônomo e busca soluções para as questões do dia a dia. Passa a ter acesso a um monte de informações e fica mais flexível para resolver os problemas, assim como vai ser na vida”, diz Denise.
Para Caroline Belo Prado, aluna do primeiro ano de medicina, o método ativo desperta sua curiosidade e a incentiva a estudar. “Depois das aulas, sempre vou pra casa querendo entender o problema apresentado e descobrir o que eu poderia ter feito e qual era a melhor decisão a ser tomada naquela situação. O PBL te ensina a estudar, a pensar e a desenvolver um raciocínio mais amplo.”
Na Faculdade de Medicina de Marília (Famema), o PBL já é aplicado há 20 anos. O coordenador Antônio Carlos Siqueira Junior diz que a metodologia pode assustar, se comparada à tradicional, porém a experiência da instituição é muito boa.
“Nossos alunos se colocam nas melhores residências, e temos uma boa empregabilidade. O método coloca o estudante desde o início fazendo o exercício que ele fará na sua vida profissional: resolver problemas. Ele treina o estudante a buscar fontes segura de informação.”
Desvantagens
Apesar das vantagens, há desafios nos métodos ativos. Os professores afirmam que o trabalho em equipe nem sempre pode fluir bem, e o aluno acostumado a postura mais “passiva” em sala de aula pode levar um tempo para se adaptar.
Denise diz que na Unicid os calouros recebem muito apoio para acompanhar o método. “Não vejo desvantagens, mas a adaptação no primeiro ou segundo ano pode ser difícil, pois os alunos estão acostumados a muita passividade.”
Uma das premissas dessas metodologias é o trabalho em grupo que pode ter seus percalços, como lembra o professor de células e genes, Welbert de Oliveira Pereira, da Faculdade de Medicina do Einstein, que utiliza o TBL.
“Trabalhar em equipe todos os dias ao longo do semestre com o mesmo grupo não é fácil. Se você der sorte de juntar um monte de pessoas que pensam como você e viraram amigos, perfeito. Mas às vezes você encontra conflitos de geração, de formação ou educação”, diz Pereira.
Marcus Vinicius de Abreu, aluno do primeiro ano de medicina no Einstein, concorda que o trabalho em grupo contínuo é um desafio. “As aulas são sempre em grupo, exige muita discussão e isso te força a esclarecer as próprias ideias, mas ao mesmo tempo também deixa o processo mais cansativo.”
Fonte: G1