15/01/2019
O profissional que atua na área de recursos humanos não se restringe ao recrutamento de candidatos ou ao treinamento da equipe. Ele tem uma função cada vez mais valorizada pelas empresas: garantir o bem-estar e a qualidade de vida dos funcionários. Para as novas gerações, principalmente, conseguir conciliar o emprego com a vida privada é um critério importante para escolher onde trabalhar.
O que faz e quanto ganha o profissional formado em gestão de pessoas e RH
Uma pesquisa elaborada em 2015 pela Social Market Foundation, associação em Londres, mostra que a satisfação no ambiente de trabalho aumenta em até 20% a produtividade dos empregados. Considerando aqueles que estão no setor de comércio, a felicidade tem um impacto ainda maior no desempenho: as vendas chegam a crescer até 37%.
“Esse bem-estar no emprego é influenciado por vários fatores: o modo como a chefia trata o funcionário, a maneira como o RH distribui promoções e benefícios, as ferramentas disponíveis para executar as tarefas. E tem a questão da identificação – se você está em um lugar com desafios que tragam motivação, certamente irá se empenhar mais. E isso é interessante para a empresa”, explica Márcia Ballariny, professora de planning for branding da ESPM-Rio.
Por isso, o profissional de RH deve detectar quais são as queixas da equipe e, a partir desse resultado, elaborar estratégias que reparem essas insatisfações. Uma das formas de fazer o diagnóstico é elaborar pesquisas de clima. “É uma metodologia vendida por grandes consultorias internacionais para avaliar o que os funcionários pensam sobre remuneração, equilíbrio entre vida e trabalho, treinamentos”, diz Márcia.
Ela explica que, no entanto, esse tipo de questionário é algo antigo, que não pode ocorrer somente uma vez ao ano. “A gente está no mundo digital. É preciso reagir no momento em que o problema acontece. Toda empresa precisa de ferramentas de interação com os funcionários para que eles apontem os problemas e, rapidamente, soluções sejam pensadas”, completa.
Políticas de qualidade de vida elaboradas pelo RH podem envolver mudanças no modo como a chefia trata os funcionários, elaboração de novos espaços de relaxamento na empresa, convênio com academias, escolha de um dia para home office (trabalhar em casa) e flexibilização de benefícios. Por exemplo: é possível que um empregado que seja solteiro prefira dispensar o direito ao plano de saúde familiar para ter um vale-refeição maior.
Geração jovem: sem bem-estar, nada feito
Maria Amália Catalan, professora da Anhembi Morumbi, comenta que as novas gerações prezam ainda mais pela qualidade de vida. “Os jovens querem ganhar dinheiro, mas também querem poder ‘ter vida’”, diz. “Toda empresa precisa de um setor do RH para pensar em bem-estar.”
Isso influencia, inclusive, na reputação dos empregadores no mercado. “Os jovens comentam que a empresa X tem cargas horárias abusivas, por exemplo, e não recomendam que alguém vá para lá. Por isso, é interessante criar um branding de qualidade de vida e ser conhecido como um bom lugar para se trabalhar”, explica Márcia.
Por mais que o desemprego preocupe, há uma “guerra de talentos”, de acordo com a professora da ESPM. Segundo ela, aqueles funcionários que podem fazer a diferença em uma equipe escolhem empresas que sejam conhecidas por proporcionarem o bem-estar. “Para quem nasceu de 1980 adiante, principalmente na década de 1990, a prioridade é conciliar vida privada com trabalho”, diz.
Custos de um funcionário com estafa
Além de atrair talentos e aumentar a produtividade dos funcionários, as empresas que se preocupam com a qualidade de vida têm menos casos de pessoas afastadas por estresse ou outras doenças psicossociais.
“Há um custo em treinar aquele funcionário, prepará-lo para trabalhar ali, estimular que ele desenvolva um projeto. Se ele se afasta ou pede demissão por motivos de saúde, como esgotamento mental, isso traz um impacto de custo”, explica Márcia.
Fonte: G1