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Movimento ‘Menos é mais’ ganha força na medicina

Exames desnecessários podem levar a diagnósticos exagerados, tratamentos desnecessários e diminuição da qualidade de vida.

05/09/2018

“Menos é mais” também vale para a medicina. Exames desnecessários podem levar a diagnósticos exagerados, tratamentos desnecessários e diminuição da qualidade de vida. Ao solicitar um exame, o objetivo deve ser beneficiar o paciente.

O movimento ‘Choosing Wisely’ (Escolha Sábia), lançado há seis anos pela fundação americana de medicina interna, vem ganhando adeptos em todo o mundo. Um dos maiores representantes desse movimento conversou com professores e alunos de medicina em Salvador.

O cardiologista britânico Assem Malhotra diz que os médicos muitas vezes pedem um monte de exames que o paciente pensa que são benéficos, mas que nem sempre são. Ele acha que as pessoas devem criar o hábito de perguntar ao médico se o tratamento sugerido é realmente necessário, quais os riscos e o que vai acontecer se elas não quiserem fazer.

Aneurisma
A família do comerciante Alfonso Alban nunca tinha ouvido falar em ‘Choosing Wisely’, até que ele descobriu, um ano atrás, um aneurisma na aorta, ou seja, uma dilatação na principal artéria do corpo. O exame também revelou uma dissecção, que é um rasgo na parede interna da artéria.

“Quando tive o resultado da dilatação e da dissecção, eu procurei um cardiologista. Ele disse que era um caso cirúrgico e com certa urgência. O segundo médico disse que ia analisar. Ele se reuniu com mais dois médicos e a equipe e me deu uma posição. Fico feliz por não ter feito a cirurgia. Até o momento não foi necessário”, conta o comerciante. A cirurgia não foi necessária, mas ele teve que mudar alguns hábitos, como na alimentação.

Câncer de tireoide
Duas mulheres com diagnósticos de câncer de tireoide e duas decisões diferentes. A enfermeira Thaís Nagy Rosseto passou pela cirurgia. A dona de casa Dora Baiardi não. Por que isso aconteceu?

O tumor encontrado na Dora é bem pequeno e está localizado no centro da glândula. O da Thaís foi descoberto em uma fase mais avançada e estava também nos linfonodos cervicais. As duas tinham indicação para cirurgia, mas Dora seguiu outro caminho.

Ela entrou numa pesquisa que segue a prática de outros países, como o Japão, de acompanhar periodicamente tumores pequenos e que apresentam menor risco, evitando expor o paciente a uma cirurgia.

“Chegou-se à conclusão de que esses microcarcinomais têm um comportamento extremamente indolente. Eles não vão ter um crescimento significativo durante a vida e a gente tratar em excesso pode até trazer danos para o paciente. Um dos principais riscos da cirurgia é a retirada das paratireoides – quatro glândulas que ficam atrás da tireoide. Elas regulam todo o cálcio do nosso corpo”, explica a endocrinologista Carolina Ferraz.

Existe um perfil para seguir o protocolo de pesquisa: pacientes que tenham um tumor na tireoide menor do que um centímetro e que estejam acima dos 45 anos. Além disso, eles têm que se comprometer a fazer exames de ultrassom a cada seis meses.

Fonte: G1

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