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Quando falar com os pais sobre como administrar o dinheiro

Quase sempre se trata de uma questão sensível, por isso evite referências a qualquer tipo de declínio

20/09/2018

Mesmo que você sempre tenha considerado seus pais pessoas independentes, que souberam cuidar da vida profissional e da financeira, conversar sobre a administração do dinheiro é importante. Consultores financeiros recomendam a regra dos 40/70: se você está se aproximando ou já entrou na casa dos 40 e, seus pais, na dos 70, abordar o tema pode evitar que as coisas saiam do controle – por exemplo, quando os filhos descobrem que contas não foram pagas, há cheques devolvidos ou compras que fogem do padrão costumeiro. Quase sempre se trata de uma questão sensível, porque inverte os papéis familiares nos quais as relações familiares estão assentadas. Introduza o assunto com cuidado – pode até ser de um jeito casual, como se não fosse algo relevante – e nunca no meio de um monte de gente. Evite também referências a qualquer tipo de declínio físico ou mental.

A velhice não é um período homogêneo e compreende diferentes estágios: até os 70 anos, os indivíduos atualmente são considerados idosos jovens. Muitos ainda trabalham e mantêm sua independência e autonomia. Talvez seja a ocasião mais propícia para começar essa conversa em pé de igualdade. Entre os 70 e 80, as doenças crônicas se manifestam com maior frequência e talvez surjam as primeiras limitações. Mesmo depois dos 80, se não há uma restrição severa de saúde, todos prefeririam morar em suas casas, sem mudanças significativas em sua rotina. No entanto, é nessa fase que os quadros de demência se tornam mais comuns – e se nada foi discutido antes, muitas das decisões a serem tomadas poderão ser o oposto do que seus pais desejariam para o fim de suas existências.

A mensagem a ser passada é a de que você e seus irmãos querem ajudar, e não controlar a vida deles. É fundamental respeitar seus pontos de vista, de forma que não se sintam tutelados. O ideal é ter acesso a todas as informações sobre as finanças: contas em débito automático ou não, contas bancárias, cartões de crédito, empréstimos, investimentos, seguros, certidões (nascimento, casamento etc.). Isso inclui a lista de logins e senhas – ainda que você não fique com uma cópia da relação, peça que indiquem onde está guardada, para o caso de uma emergência. Se as partes concordaram, uma procuração por instrumento público vai autorizá-lo (a) a resolver questões financeiras.

A consultora financeira Lisa Andreana, autora de “Financial care for your aging parent”, lembra que, muitas vezes, o processo é doloroso porque os filhos não querem admitir que seus pais estão se aproximando do fim da vida. Há também os que temem confrontos ou se sentem despreparados para tomar decisões, e aqueles que acham que, ao dar esse passo, terão que assumir a função de cuidadores em tempo integral. O papel não é fácil e provavelmente terá algum impacto no campo profissional e nos relacionamentos afetivos e familiares. Mas é quando você terá uma chance concreta de retribuir.

Fonte: G1

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