Por que algumas empresas conseguem engajar seus funcionários e outras não? A motivação de equipes é uma questão central para companhias pequenas e grandes. Enquanto uns acreditam que o que importa é o bônus no final do ano, outras apostam em escritórios lindos, comida de graça para colaboradores e diversão à vontade: mesas de pebolim, áreas destinadas para fazer massagem e até videogames.
A chave da motivação está no reconhecimento. “O reconhecimento é uma espécie de mágica humana – uma pequena conexão humana, um presente de uma pessoa para outra que se traduz em um resultado muito maior e mais significativo”, avalia Dan Ariely no livro “Payoff” (Recompensa, em uma tradução livre).
Para entender como funciona a motivação, Ariely montou um estudo com universitários americanos, no qual eles deveriam encontrar pares de letras idênticas juntas em folhas impressas com letras de forma aleatória. Eles ganhavam US$ 0,55 ao terminar a primeira folha, US$ 0,50 na segunda, US$ 0,45 na terceira, e assim sucessivamente.
Os participantes foram divididos em três grupos. No primeiro, cada participante anotava seu nome na sua folha e a entregava para o monitor do estudo, que avaliava os resultados com atenção e o questionava se ele tinha interesse em continuar o experimento, ganhando US$ 0,05 a menos. No segundo grupo, o participante não precisava assinar a folha e o monitor não verificava o seu trabalho, simplesmente colocando a folha em uma pilha de papeis. Por fim, quando o participante do terceiro e último grupo entregava as folhas, o monitor não reconhecia em absoluto seu trabalho e simplesmente colocava a folha em uma máquina fragmentadora de papeis.
À primeira vista, seria fácil de imaginar que os participantes do terceiro grupo, por terem um estímulo maior para não procurarem pelas letras idênticas e terem, assim, menos trabalho, continuariam por mais tempo, para ganhar mais dinheiro com menos esforço. No entanto, os resultados mostraram que os participantes do primeiro grupo continuaram a encontrar as letras idênticas até o valor da remuneração cair até US$ 0,15, enquanto os do segundo e terceiro grupos pararam quando a folha valia, em média, US$ 0,27 e US$ 0,29, respectivamente.
“Os resultados mostram que quando somos reconhecidos por nosso trabalho, ficamos mais dispostos a trabalhar mais para ganhar menos, e que quando não somos reconhecidos, perdemos muito da nossa motivação”, destaca Ariely, e emenda: “também fica claro que podemos aumentar a motivação simplesmente reconhecendo os esforços de quem trabalha conosco”.
O dinheiro importa sim, mas menos do que imaginamos. Ao reconhecermos o trabalho dos outros e darmos a ele significado, temos mais chance de engajá-los no trabalho. Se mantemos uma visão de que as pessoas trabalham apenas por dinheiro e não se importam com o resultado do seu trabalho, temos muito menos chances de aumentar a motivação da nossa equipe.
Em empresas grandes, quando é difícil para um colaborador ter uma visão do todo, o problema da motivação pode ficar ainda mais complexo. No entanto, ao reconhecer o trabalho individual de cada funcionário, sua colaboração, inteligência e criatividade ajuda muito mais do que instalar mais uma mesa de ping pong no escritório.
Post em parceria com a jornalista Carolina Ruhman Sandler
Fonte: G1 em Segunda-feira, 16/01/2017, às 08:30, por Samy Dana