Plástica sem cirurgia e com resultado imediato. Diante de um apelo tentador como esse, muita gente acaba caindo em métodos alardeados na internet, na maioria das vezes pouco seguros e feitos por profissionais não qualificados. Em nome da beleza (e da economia), a vida corre risco.
No último domingo, (15/7), a bancária Lílian Calixto, 46 anos, morreu após complicações em uma bioplastia realizada pelo médico Denis César Barros Furtado, de 45 anos, conhecido popularmente como “Doutor Bumbum”. Além de não ser especializado em cirurgia plástica, o médico, que está foragido, realizou o procedimento no próprio apartamento, no Rio de Janeiro, o que é proibido.
A principal suspeita é de que Lílian tenha sofrido uma embolia pulmonar devido à aplicação da substância PMMA (polimetilmetacrilato) para preenchimento estético. Mas não é de hoje, que o PMMA carrega má fama. Por se tratar de um produto não absorvível pelo corpo humano e, consequentemente, tornar o procedimento arriscado, o material caiu em desuso. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não recomenda o produto para fins estéticos desde 2006, segundo o secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Distrito Federal (SBCP-DF), César Daher.
“O que torna o PMMA perigoso é a capacidade de, a longo prazo, gerar uma reação de corpo estranho que não pode ser controlável. Esse é o principal motivo pela qual o produto foi praticamente abandonado pela dermatologia e cirurgia plástica para procedimentos de preenchimentos, pois as complicações são muito graves”, alerta o cirurgião plástico, que é o atual secretário da SBCP-DF.
Justamente por representar perigo quando aplicado em grande quantidade, o PMMA é aprovado pela Anvisa apenas para fins medicinais, não estéticos. O médico esclarece, ainda, que o uso do PMMA é restrito a pequenas áreas e em pacientes HIV positivo, que podem apresentar deformações no rosto ou no corpo ao desenvolver a Aids.
Em 2014, a modelo Andressa Urach sofreu uma infecção e ficou internada em estado grave por vários meses após aplicar o PMMA nos glúteos. Segundo Daher, por não ser uma substâncias absolvida pelo corpo, quando usado em grande quantidade, o PMMA provoca complicações que podem levar à morte, como foi o caso da bancária Lílian Calixto.
“Não é recomendado a aplicação do produto em músculos. Nos glúteos, por exemplo, existem veias e artérias muito calibrosas, qualquer procedimento com o PMMA nessa área pode evoluir para uma embolia pulmonar e causar a morte”, cita Depizzol. Infecções, alergias e necroses são alguns dos riscos que os pacientes correm ao injetar a substância e os procedimentos estéticos devem ser feitos em clínica ou hospital, com profissionais capacitados e com toda a assistência.
Entenda:
O que é bioplastia?
É qualquer procedimento que envolva algum preenchedor sintético. Esse grupo de preenchedores vai desde o ácido hialurônico ou bioestimuladores, inclusive o PMMA.
E o que é o PMMA?
O polimetilmetacrilato, conhecido pela sigla PMMA, ou por metacril, é um produto composto por microesferas de um material parecido com plástico. A principal diferença entre o PMMA e outros preenchedores é que o metacril não é absorvível pelo corpo. Enquanto outros produtos vão sendo absolvidos ao longo do tempo e perdendo seu efeito, o PMMA e definitivo.
Como é a aplicação?
O procedimento em pequenas áreas dura entre 15 e 20 minutos. O produto é aplicado por um orifício feito na pele, por esse orifício passa uma câmara de injeção que injeta o produto no subcutâneo ou próximo de estruturas ósseas. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, por mais simples que seja, qualquer procedimento cirúrgico deve ser feito em ambiente hospitalar, com salas preparadas para qualquer complicação.
Quais são os riscos?
O problema de substâncias como o PMMA é que ela fica difusa no organismo, se misturando com gordura e tecidos, o que dificulta a retirada do produto, caso haja alguma complicação. Se não for aplicada corretamente, na quantidade certa e do modo certo, pode levar a uma série de complicações a curto prazo, como formação de nódulos, infecção, alergia, necrose ou embolia pulmonar.
E quais alternativas à bioplastia?
Para regiões grandes, como glúteo, mama, coxa e panturrilha, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda o uso de próteses de silicone, que é a opção mais segura para preenchimentos. Existe ainda a possibilidade da lipoescultura, onde se faz uma lipoaspiração, para retirar a gordura em excesso em determinada região do corpo e, posteriormente reposicioná-la em locais estratégicos.
Como saber se o médico é confiável?
Qualquer um pode checar se um registro do médico é verdadeiro e se um profissional é habilitado para realizar determinado procedimento. Basta entrar no site do Conselho Regional de Medicina (CRM), clicar na aba “Cidadão/Empresa” e depois em “busca por médico”. Com o nome completo ou número do registro a pessoa poderá verificar se a pessoa realmente é profissional.
Fonte: www.correiobraziliense.com.br / postado em 18/07/2018