A pandemia impactou diretamente o diagnóstico e o tratamento de tuberculose no mundo, não apenas pelo direcionamento dos serviços de saúde para cobrir as demandas provocadas pela Covid-19, como pela falta de investimentos encaminhados ao combate da doença, segundo alertou a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Apesar de ser considerada uma das doenças mais antigas entre os seres humanos, a tuberculose ainda é um fator de preocupação para a saúde pública, com cerca de 1,5 milhão de óbitos provocados em 2020, número que não era alcançado desde 2017, de acordo com o último balanço mundial realizado pela OMS.
Neste sentido, o pneumologista Flávio Arbex destaca a importância de procurar atendimento médico quando os sintomas da doença forem identificados. No Brasil, o tratamento para tuberculose é disponibilizado de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde)
“A chance de cura para aqueles pacientes que realizam o tratamento e fazem tudo de maneira correta é maior que 95%. Então é muito importante desestigmatizar a doença para que as pessoas procurem fazer o seu diagnóstico e recebam o tratamento de maneira adequada”, afirma.
Causa e sintomas da tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que, assim como a Covid-19, pode ser transmitida pelos infectados por meio de gotículas expelidas em espirros, tosse e fala.
Segundo o Ministério da Saúde, o bacilo da tuberculose não pode ser transmitido por objetos compartilhados, ou seja, não há risco de contaminação durante o contato com lençóis, roupas ou mesmo talheres usados pelo paciente adoecido. Além disso, após cerca de 15 dias do início do tratamento, o risco de transmissão é diminuído consideravelmente.
Arbex explica que nem todas as pessoas que entram em contato com a bactéria desenvolvem a tuberculose. “A doença pode ficar dormindo por longos períodos, às vezes a pessoa pode morrer e nem saber que teve tuberculose. Porém, estima-se que um terço da população mundial teve contato com a bactéria”.
Por outro lado, para aqueles em que a bactéria consegue desencadear uma infecção, os principais sintomas são tosse com secreção por três semanas ou mais, febre no final do dia, suor excessivo durante a noite e emagrecimento.
Apesar de ser mais comum no pulmão, a tuberculose pode acometer diferentes órgãos, como rim, bexiga, ouvido e até mesmo o cérebro, segundo o pneumologista.
“As principais formas são a neurotuberculose, que é um tipo que pode acometer as meninges no sistema nervoso central, e a tuberculose miliar, que se dissemina mais pelo corpo, principalmente no pulmão”, explica Arbex.
Se não tratada de forma correta, a tuberculose pode levar à destruição do pulmão, causar sequelas pulmonares e, em casos ainda mais graves, levar à morte.
Prevenção e grupos de risco
A principal forma de prevenção da tuberculose é a vacina BCG, disponibilizada pelo SUS para crianças de até 4 anos e 11 meses de idade. O imunizante protege contra os quadros graves da doença, sobretudo os relacionados à neurotuberculose e à tuberculose miliar.
Além disso, o Ministério da Saúde recomenda aos infectados que cubram a boca com o cotovelo ou um lenço ao tossir, para evitar a disseminação dos aerossóis no espaço. Como a bactéria é sensível à luz solar, também é importante manter os ambientes de convívio com o paciente sempre bem ventilados, com luz natural e circulação de ar.
O grupo de maior risco de adoecimento por tuberculose compreende indígenas, a população privada de liberdade e pessoas em situação de rua, pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Pessoas que vivem com HIV/Aids também são mais suscetíveis, assim como os pacientes que fazem tratamento com imunossupressores.
No entanto, Arbex destaca que qualquer pessoa pode ser infectada pela bactéria e desenvolver as formas graves da doença, e precisa ser submetida ao tratamento adequado para tuberculose.
“Podemos citar casos recentes de pessoas famosas, como Thiaguinho, que teve um derrame pleural por tuberculose, ou o próprio Thiago Silva, jogador de futebol, que também teve a doença. Então esse estigma tem que acabar, não é uma condição só de pessoas desses grupos”, alerta o médico.
Fonte: www.noticias.r7.com / Postado em 24/03/2022 – 02H00