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DPU quer suspensão total de descontos associativos nos benefícios do INSS

Decisão foi tomada após reiteradas denúncias de fraudes contra aposentados submetidos a descontos não demandados

A DPU (Defensoria Pública da União) quer garantir a suspensão de todos os descontos associativos feitos nos benefícios de aposentados e pensionistas diante do crescente número de denúncias de fraudes contra os segurados. A orientação será levada pelo órgão e pelo MPF (Ministério Público Federal) ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) durante reunião extraordinária do Grupo de Trabalho Interinstitucional para discutir questões previdenciárias, marcada para quarta-feira (8).

A suspeita é de que associações estejam utilizando da estrutura do Estado para descontar valores dos beneficiários do INSS sem autorização e sem qualquer tipo de prestação de serviço em contrapartida. Os relatos, segundo a defensora pública Patrícia Bettin Chaves, têm se tornado cada vez mais frequentes, o que motivou uma denúncia por parte do MPU (Ministério Público da União), que pede judicialmente a suspensão de todos os acordos feitos pelo INSS com entidades que cobram as mensalidades associativas na folha de pagamento dos aposentados.

O processo tramita na Justiça, mas uma liminar para fazer valer o pedido de forma antecipada foi negada. Por isso, a DPU e o próprio Ministério Público reivindicam uma demanda semelhante extrajudicialmente.

“O que os órgãos sugerem e acham como medida adequada e de urgência, para evitar fraudes, é que se faça bloqueio de todos os descontos associativos em todos os benefícios, novos e antigos. Isso até que o INSS implante a biometria, uma medida de segurança, com reconhecimento facial, assinatura digital, apresentação de documento com foto. Essa é uma medida que seria mais urgente e temporária para evitar maiores danos ao segurado”, detalhou Patrícia ao R7, que também é coordenadora da Câmara de Coordenação e Revisão Previdenciária.

Em razão das denúncias de fraudes, o procedimento para deixar mais rígidas as regras sobre associações foi previsto por meio de uma instrução normativa publicada em março deste ano. O documento prevê, entre outras exigências, que as empresas sejam associações sem fins lucrativos; que prestem algum tipo de serviço ao assegurado; que tenham sede própria; que assinem um termo de cooperação com o INSS; e que tenham expressa autorização do segurado com termo de adesão claro para realizar os descontos.

No entanto, a instrução normativa dá prazo de 180 dias para adequações, o que a DPU considera um risco para os aposentados e pensionistas. Por isso, o órgão quer interromper os descontos de forma imediata. A sugestão será levada ao INSS durante a reunião desta semana, que contará com participação de representantes do instituto e da DPU, além do MPF, Ministério da Previdência Social, TCU (Tribunal de Contas da União), da AGU (Advocacia-Geral da União) e CGU (Controladoria-Geral da União).

Segundo Patrícia, o INSS é o principal demandado neste encontro. “O entendimento jurisprudencial é que o INSS, por ter dever de fiscalização, tem responsabilidade subsidiária em caso desse tipo de fraude”, explicou.

A defensora orienta aos beneficiários verificarem no extrato do INSS se estão sendo aplicados descontos indevidos. “É possível verificar a situação por meio do aplicativo ‘Meu INSS’. No caso de desconto indevido, há a possibilidade de indicar a exclusão de desconto associativo ou de sindicato. Também é possível resolver o problema ligando no 135″, explicou. Em caso de cidadãos em situação de vulnerabilidade, é possível procurar o auxílio da defensoria pública.

O que diz o MPU

Na ação civil pública protocolada na Justiça Federal, o MPU pede a suspensão os acordos com associações, fiscalização por parte do INSS e condenação do instituto a pagar todos os segurados que tiveram descontos nos benefícios sem autorização ou assinatura.

Para embasar o pedido, o ministério cita levantamento feito pela imprensa de que as 29 entidades associativas que possuem acordo de cooperação junto ao INSS respondem a 62 mil processos judiciais em todo o país e chegam a ganhar mais de R$ 30 milhões por mês com contribuições descontadas diretamente da folha de pagamento de pensionistas e aposentados.

“Paralelamente, o Ministério Público Federal tem observado o aumento nas representações de pessoas que afirmam não terem autorizado o débito de contribuições associativas em favor de qualquer entidade”, diz a ação, que também afirma que o INSS “vem descumprindo seus deveres de fiscalização, legais determinados judicialmente”.

O R7 pediu um posicionamento ao INSS e questionou quais as medidas fiscalizatórias estão sendo adotadas para coibir práticas criminosas como as denunciadas na matéria, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Fonte: www.noticias.r7.com / Publicado em 07/05/2024 – 02H00 (ATUALIZADO EM 07/05/2024 – 02H00)

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