O mês de setembro é dedicado à prevenção do suicídio no Brasil e a cor que representa a campanha é o amarelo, que simboliza a luz e a esperança. O objetivo principal da campanha é a conscientização sobre a saúde mental e a importância de buscar ajuda em momentos de crise. Em 2024, o tema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!”.
De acordo com dados da última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde, em 2019, mais de 700 mil suicídios são registrados por ano no mundo. Já no Brasil, os registros são de 14 mil casos por ano, em média 38 suicídios por dia.
Apesar da diminuição nos números no mundo, nos países das Américas os números não param de crescer, segundo a OMS. Praticamente 100% dos casos estavam relacionados a doenças mentais, não diagnosticadas ou tratadas de forma incorreta, e a maioria dos casos poderia ter sido evitada se o acesso ao tratamento psiquiátrico e à informação fosse eficiente.
Lançada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a campanha iniciou em 2014 e foi introduzida no calendário nacional pelo presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, e tornou-se, ao longo dos anos, a maior campanha anti estigma do mundo.
O dia-chave da campanha é 10 de setembro, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Porém, as ações acontecem durante todo o ano e todo o mês de setembro a fim de conscientizar a população e salvar vidas. A psicóloga Flávia Lins explica a importância da campanha: “Essa é uma campanha de extrema importância, visto que, apesar de ser uma realidade no mundo inteiro, ainda é um assunto que, por ser tabu, não tem a visibilidade necessária e durante essa campanha o tema ganha espaço e divulgação”, disse.
Durante o mês, várias atividades são desenvolvidas, como palestras, rodas de conversa, eventos de sensibilização, entre outros, a fim de desmistificar o tema e reduzir o estigma associado à saúde mental.
“É comum que uma pessoa em estado vulnerável não sinta vontade de buscar ajuda, muitas vezes porque ela não tem mais vontade de nada ou por acreditar que nenhuma ação ajudará ela a se sentir melhor. Nesses casos é legal se mostrar acolhedor, respeitando também os seus limites, e ir aos poucos mostrando as mudanças que ocorreram na vida dessa pessoa desde que os sintomas iniciaram, indicar filmes/séries que mostrem como funciona o acompanhamento terapêutico, sugerir que a pessoa tente apenas uma primeira consulta para ver como se sente e muitas vezes será necessário se oferecer para acompanhar essa pessoa até o psicólogo. ”, explicou a psicóloga.
Os especialistas no assunto sempre afirmam que o suicídio pode ser prevenido mediante a identificação dos sintomas e sinais apresentados por uma pessoa nesta condição. “Muitas vezes os sinais são sutis, por isso, é muito importante ter um olhar atento às mudanças de comportamento, isolamento, falas pessimistas sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro, desânimo constante, entre outros sinais”, explicou Lins. É extremamente fundamental que os amigos e familiares estejam atentos e ofereçam suporte emocional. Flávia traz dicas de como as pessoas próximas podem ajudar. “Principalmente acolhendo sem julgamentos, ninguém escolhe vivenciar um transtorno ou por fim na própria vida. É muito importante que essa pessoa não se sinta invalidada, os familiares e amigos devem se mostrar solícitos, atentos, mas entendendo também suas limitações. Nada substitui um tratamento com profissionais da área”, ressalta.
Nos últimos anos, a combinação entre medicação e terapia tem sido adotada para um manejo mais eficaz e abrangente. Essa junção busca oferecer ao paciente um suporte farmacológico e psicoterapêutico. “É importante lembrarmos que para cada necessidade existe um profissional capacitado para cuidar e, quando se trata de questões mentais, os únicos profissionais que podem te auxiliar são os psicólogos e psiquiatras. Em muitos casos, apenas a psicoterapia já conseguirá trazer resultados, mas em casos mais graves a combinação da terapia com o medicamento se torna fundamental. Sempre é importante lembrar que o uso de medicamento precisa ser prescrito e acompanhado por um médico psiquiatra, não se deve automedicar”, alerta a psicóloga Flávia Lins.
Além do trabalho desenvolvido por organizações especializadas, a prevenção ao suicídio é também uma questão de mudança cultural. Falar, de forma aberta, sobre saúde mental ainda é um tabu em muitas culturas, o que dificulta a busca por ajuda. O Setembro Amarelo pretende transformar esse cenário incentivando a construção de rede de apoio.
Ao longo do ano, a população tem acesso ao Centro de Valorização da Vida (CVV). “É um ótimo meio de comunicação nesses casos, ele está disponível 24h por telefone e também por chat, são voluntários capacitados para dar um acolhimento a pessoa que entra em contato, muitas vezes, em vulnerabilidade emocional extrema, e esse contato pode ser responsável por evitar que a pessoa se coloque em risco de vida. Mas, o CVV também está disponível para quem só deseja conversar e se sentir acolhido, mesmo que não esteja com pensamentos auto lesivos”, explicou a profissional.
Neste ano de 2024, a campanha do Setembro Amarelo reforça a importância de que as pessoas próximas saibam identificar alguém que está precisando de ajuda ou que esteja pensando em tirar a própria vida, que toda a população se informe para ajudar o próximo a lutar contra o suicídio.
Fonte: www.varelanet.com.br / postado em 02 de setembro de 2024 às 08:59